Imóveis como proteção contra a inflação: mito ou verdade?

Em um cenário econômico de incertezas e inflação elevada, a busca por investimentos que preservem o poder de compra é constante. O mercado imobiliário, com sua fama de ativo seguro e sólido, surge como um porto seguro. Mas será que a crença de que imóveis são a proteção ideal contra a inflação é mito ou verdade? A resposta, como em muitos casos, é que se trata de uma verdade, mas com nuances importantes.

A lógica por trás da valorização

A principal razão pela qual os imóveis são considerados uma barreira contra a inflação reside no fato de serem “ativos reais”. Isso significa que eles têm valor intrínseco e utilidade, diferentemente do dinheiro, que pode ser desvalorizado com o tempo. Em períodos de inflação, o custo da construção civil aumenta, refletindo o encarecimento dos insumos e da mão de obra. Consequentemente, o valor de novos empreendimentos sobe, pressionando também o preço dos imóveis já existentes.

Além disso, o mercado de aluguel atua como um mecanismo de proteção. Os contratos de locação são frequentemente reajustados por índices inflacionários, como o IPCA ou o IGP-M. Isso garante que a renda do proprietário acompanhe a desvalorização da moeda, mantendo o retorno real do investimento.

O Índice FipeZAP, por exemplo, tem demonstrado consistentemente que os preços de venda e de aluguel de imóveis residenciais têm crescido acima da inflação oficial do país em diversos períodos recentes, reforçando a tese de que eles são, de fato, um bom instrumento de proteção patrimonial.

Os riscos e a realidade local

No entanto, a relação não é linear e existem fatores que podem transformar essa “verdade” em um “mito” em certas circunstâncias. A alta da taxa Selic, por exemplo, pode encarecer os financiamentos imobiliários, diminuindo a demanda e, com isso, desacelerando a valorização dos preços.

Além disso, a localização é um fator-chave. Nem todos os imóveis valorizam igualmente. A valorização depende da oferta e demanda local, da infraestrutura do bairro, da segurança e do potencial de crescimento da região. Como pontua Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS: “Nesses momentos, o pessoal sempre enxerga o imóvel como moeda forte, como um investimento seguro. Então, é nisso que a gente vê também a oportunidade que as pessoas estão enxergando desse investimento imobiliário, seja como proteção patrimonial, seja como fonte futura de renda recorrente”.

O cenário do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre

Em Porto Alegre, a tese dos imóveis como proteção contra a inflação tem se mostrado robusta. A cidade, mesmo diante de um cenário econômico adverso e de eventos climáticos recentes, como as enchentes de 2024, demonstrou resiliência. Dados do Sinduscon-RS e da pesquisa FipeZAP indicam que os aluguéis e os preços de venda na capital gaúcha têm registrado valorizações expressivas, muitas vezes acima da média nacional e da inflação.

Essa valorização é impulsionada por uma combinação de fatores locais, como a oferta restrita de imóveis novos, a alta demanda por unidades compactas e bem localizadas, e a procura por bairros consolidados e seguros, como Moinhos de Vento, Rio Branco e Petrópolis. Essa resiliência mostra que o mercado imobiliário local é um ativo valioso para a proteção patrimonial, em especial para quem busca liquidez e segurança.

Oportunidade e planejamento

Investir em imóveis para se proteger da inflação é, em essência, uma estratégia sólida e comprovada. No entanto, não é uma aposta cega. A decisão deve ser baseada em um planejamento financeiro cuidadoso, considerando as condições do mercado local, o potencial de valorização da região e o perfil do investidor.

A verdade é que, para quem compra com estratégia e visão de longo prazo, o imóvel continua sendo um dos melhores refúgios contra a desvalorização do dinheiro.

Redação ImobPress / Fotos: Divulgação